Dentre as centenas de publicações produzidas pela Igreja Positivista do Brasil, o título A Bandeira Nacional (n°110), é o mais procurado pelos pesquisadores e visitantes do Templo da Humanidade.
O folheto é uma compilação de artigos, cartas, editoriais, em que os fundadores da Igreja Positivista do Brasil, Miguel Lemos e Teixeira Mendes, justificam as escolhas estéticas, simbólicas e filosóficas traduzidas no pavilhão republicano aprovado pelo novo regime.
A publicação reflete a animada controvérsia que agitou os jornais no período, motivada pela conotação claramente positivista do novo símbolo nacional – religiosos que se recusaram a benzer o pavilhão, deputados que tentaram articular projeto de alteração da bandeira, etc.
Ela também fornece “descrição singela” e argumentada da nova bandeira republicana, idealizada conforme a visão positivista da transformação na continuidade. A referência ao passado, indispensável para assegurar a continuidade entre as gerações, se expressa nas formas geométricas (o losango e o retângulo) e nas cores verde e amarelo, já presentes na bandeira imperial criada pelo artista francês Jean-Baptiste Debret. Estas cores remetem às dinastias da Casa de Bragança (o verde) e da Casa dos Habsburgos (o amarelo) às quais pertenciam respectivamente Dom Pedro I e Dona Leopoldina. No centro, o novo pavilhão também recuperou a esfera armilar, incluída nas armas do reino do Brasil por D. João VI.
A ruptura ficou por conta da eliminação de “tudo quanto pudesse perturbar o sentimento de solidariedade cívica, por traduzir crenças que não são mais partilhadas por todos os cidadãos“. Foram assim retirados os emblemas da monarquia e acrescidos novos, que deviam “traduzir as novas aspirações nacionais“. As constelações foram adicionadas segundo a posição das estrelas no céu do Rio de Janeiro na manhã do 15 de novembro, quando proclamada a República. Cada estrela representa um estado, mais o Distrito Federal – totalizando 21 estrelas à época, o recém-criado DF sendo o Rio de Janeiro. A esfera celeste é cruzada por uma faixa com o lema “Ordem e Progresso”, citação de Auguste Comte que cristalizou grande parte das críticas ao novo emblema.
O desenho da bandeira nacional foi idealizado por Teixeira Mendes, com o auxílio do astrônomo e engenheiro Manuel Pereira Reis (1837-1922) e do pintor Décio Vilares (1851-1931). O desenho foi aprovado pelo decreto n°4 em 19 de novembro de 1889, data que passou a ser conhecida como o “dia da bandeira”.