No momento em que se instaurou o primeiro calendário republicano de feriados oficiais, em 1890, a Igreja Positivista do Brasil contribuiu para promover a figura de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), Patriarca da Independência, cuja comemoração cívica acontece em 7 de Setembro, dia da Independência do Brasil (1822).
Embora fosse maçon e monarquista, os Positivistas escolheram o personagem para figurar no panteão dos heróis nacionais. Junto com Tiradentes (no período colonial) e Benjamin Constant (na recém-instaurada República), ele compõe a chamada “trindade cívica”, que ilustra a progressiva evolução da História em direção ao advento do regime republicano.
José Bonifácio defendeu em seu tempo a perenidade da Monarquia, que ele desejava constitucional, em oposição aos liberais que fomentavam a derrubada da coroa portuguesa. O estadista foi contemporâneo da Revolução francesa e observou seus sobressaltos pela Europa. Preocupado com os levantes populares e o absolutismo que agitavam o Velho Continente, recomendava para o Brasil uma mudança controlada, sob o poder de um executivo forte. Foi pela sua ação estratégica que o país conservou, sob a autoridade do Imperador, sua integridade territorial, enquanto a ex-colônia espanhola fragmentou-se em pequenas repúblicas.
Os Positivistas, avessos a rupturas abruptas, partilhavam esta visão e pregavam a transformação na continuidade, conforme a máxima comtiana “ajustar o presente, projetando o futuro, com base no passado”.