Os 134 anos da Igreja Positivista do Brasil

Placa de mármore da Sala Daniel Encontre, Templo da Humanidade

Placa de mármore da Sala Daniel Encontre, Templo da Humanidade

Foi no dia 11 de maio de 1881, há 134 anos, que Miguel Lemos (1854-1917) fundou a Igreja Positivista do Brasil. Diretor da extinta Sociedade dos Simpatizantes do Positivismo, de tradição littreísta (facção de discípulos de Auguste Comte que rejeitava sua doutrina religiosa), ele se converteu à Religião da Humanidade após uma viagem a Paris, em 1877.

De volta ao Rio de Janeiro, Miguel Lemos reformou a Sociedade Positivista e transformou-a em Apostolado. A Igreja Positivista do Brasil desenvolveu então intenso proselitismo religioso, visando divulgar suas ideias e seu programa político para modernizar a sociedade brasileira. Como Comte, Lemos acreditava no impacto da doutrina para converter o novo proletariado ao espírito cívico promovido pela Religião da Humanidade. Entre 1881 e 1889, a Igreja Positivista produziu nada menos que 71 publicações exigindo a secularização das instituições, a implantação da República e a abolição da escravidão, pautas primordiais dos Positivistas neste final de século. No século seguinte, a instituição viria ainda a influenciar longamente a República Velha pela ação de homens de estado adeptos ou simpatizantes da doutrina.

O Positivismo, na sua interpretação laica ou religiosa, teve propagação importante em vários outros países na virada do século passado: além de França e Inglaterra, ele se disseminou nos Estados Unidos, México, Chile, incorporando-se a aspirações políticas locais. No Brasil, ele ganhou excepcional longevidade, sendo praticado por seguidores religiosos até hoje.

Fonte: Revista História, Janeiro de 2006, Reforma, ordem e progresso, Angela Alonso